Sunday, December 10, 2006

Originalidade

Vou escrever muito pouco. É muito difícil ser original. Há sempre alguém que já escreveu aquilo que queremos dizer. Dois exemplos recentes:
1 - A despenalização do aborto e o SNS;
2 - A lista dos "The 100 most influencial Americans of all time", da "The Atlantic Monthly".
Apesar de ser a favor da despenalização do aborto, acho que só deve ser praticado em clinicas criadas para o efeito. Não deve ser o SNS -sistema nacional de saúde- a providenciar o serviço -peço desculpa pela palavra-. Para as mais desfavorecidas poderá existir um crédito, junto das clinicas privadas, que será financiado pelo Estado, para que a exclusão social, neste assunto, não se perpetue. Posteriormente a clinica seria reembolsada pelo serviço prestado. Se houver vontade política e colaboração com os privados, não será necessária muita burocracia.

A lista da "The Atlantic" é decepcionante. Como escreveu VPV "a lista dos 100 mostra um país isolacionista, desinteressado do mundo e absorvido em si". Algumas ausências, para se perceber do que estamos a falar: John Coltrane, Miles Davis; Duke Ellington; Cole Porter; John Ford; Elia Kazan; Nicholas Ray; Mark Rothko; Edward Hopper; Philip Roth; E.E. Cummings.
Claro que esta, pequena, lista de ausentes reflecte um gosto muito pessoal. Mas, se se pode contestar a influência de Cummings -para mim, não se pode-, o que dizer de John Ford? E como se explica a ausência do maior escritor americano vivo? E será que na lista não haveria lugar para um dos grandes fotografos americanos -Ansel Adams ou Walker Evans, por ex.-?

Vasco Pulido Valente escreveu sobre estes assuntos no "Público", no espaço de uma semana. No caso da despenalização do aborto não falou de créditos para as clinicas privadas -com os quais não deve concordar-, mas escreveu sobre a ideia principal. Alguém, de certeza, já deve ter escrito, num sitio qualquer, sobre a possibilidade de o estado financiar as mulheres mais desfavorecidas, através das clinicas, para que possam ter acesso a serviços decentes numa questão tão delicada. Como já escrevi, nos tempos que correm, é muito difícil ser original.

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