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Como todos os miúdos que cresceram a ler "O Independente", sentia aquele desdém injustificado por Eduardo Prado Coelho. Com a idade, e com a leitura das crónicas, fui mudando de opinião. Claro que ainda me irritavam as crónicas que ele utilizava para dirimir pequenos conflitos que se passavam na repartição x, do serviço y do Estado, normalmente a favor dos seus amigos. Mas do que passei a gostar foi aquilo que tanto lhe elogiam: o gosto pela vida e a curiosidade. Também gostava quando escrevia sobre assuntos "menores", porque não gosto de intelectuais desligados das pequenas tropelias do quotidiano. E, sobretudo, como escreveu sobre ele próprio: "Sente a mais soberana indiferença por quase tudo o que pensam ou escrevem a seu respeito". Vai-me fazer falta.

Eduardo Prado Coelho 1944-2007.