Saturday, January 12, 2008

França

A Time publicou um artigo sobre a morte da cultura Francesa. A reacção foi avassaladora. Afinal, quem são os Americanos, esses incultos, para decretar a morte da nossa jóia da coroa? Paris, o salão do mundo, não gostou. Também achei o artigo um bocado ligeiro. Mas o que interessa para esta conversa é o diagnostico. No artigo também se escreveu que "a new infusion of energy from the margins is revivying French culture". Mas os Franceses não leram esta parte. A verdade é que os heróis Franceses, ou não estão entre nós, ou são gloriosas referências do passado. Não é que Godard esteja datado, bem pelo contrário. Ou, apesar da sua idade, Rohmer, esse cineasta extraordinário. Ou Rivette. Ou Resnais. Mas onde estão os seus sucessores? A Nouvelle Vague não nos deu só grande cinema; foram eles que iluminaram o Clássico Americano. "Isto é cinema". E nós acreditámos.
E a literatura? Qual é o único romancista que atravessa as fronteiras Francesas? Houellebecq. Gosto muito de Houellebecq, porque aprecio a revelação do lado deprimido da natureza humana, a dependência sexual; a vida triste do "funcionário". Mas Steiner já disse que estamos apenas perante um pornógrafo, sem qualidade. Didier Jacob, no Le Nouvel Observateur, escreveu que as obras-primas já não fazem sentido, nos dias que correm. Nem Proust, nem Shakeaspere. Mas os novelistas americanos, sempre à procura do "Grande Romance Americano" continuam a escrevê-las.
Olivier Poivre d'Arvor, director da Cultures-France, continua a defender o proteccionismo Francês; esquece que a protecção é o caminho mais rápido para a decadência.
Há ainda mais argumentos, contra a anunciada morte, talvez exagerada, decretada pela Time. Muitos deles razoáveis. Mas, parece-me, que se os Franceses continuam a ser grandes consumidores de "Cultura", já não são o farol da humanidade. E custa-lhes ler isso numa revista mainstream americana.

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