Capitalismo Sempre (2)
O José Manuel Fernandes escreveu hoje, no Público, que a crise financeira actual se deve à criação por F.D. Roosevelt da Fannie Mae em 1938, no quadro do New Deal. Segundo JMF a função da Fannie e do Fredie "era assegurarem que os bancos aceitavam conceder empréstimos às famílias de menores rendimentos para que estas pudessem comprar casa.". A partir daqui JMF já tem o argumento para escrever que "os produtos "tóxicos" de que tanto se tem falado são sobretudo os que garantiam a solvência destas agências para-estatais". Ou seja a responsabilidade pela queda de Wall Street com estrondo foi, vejam lá, de políticas sociais que tiveram origem em 1938. Gosto do capitalismo, não tenho nada contra o crédito, nem a sociedade de consumo e até gosto do Zé Manel, mas este argumento, peço desculpa, é absurdo. Curiosamente, num debate esta noite na SIC Notícias, João Pereira Coutinho disse, por outras palavras, mais ou menos a mesma coisa. Que a responsabilidade desta crise tinha sido a intervenção do estado para assegurar políticas sociais. Hilariante. Mas, como não há duas sem três, Pacheco Pereira voltou a dizer a mesma coisa na Quadratura do Círculo.
Ora bem, a Fannie e o Fredie, depois do escândalo Savings-and-Loan (vão à procura na net), tornaram-se nos principais fornecedores de crédito hipotecário, mas, no inicio desta década, foram apanhados num daqueles episódios de contabilidade criativa, tendo-lhes sido impostas restrições. Wall Street, na ausência destes dois comilões, começou a comprar e a securitizar centenas de biliões (desculpem o anglicismo) de empréstimos de Supbrime (o eufemismo de Wall Street para Lixo) demasiado frágeis para os critérios entretanto impostos à Fannie e ao Fredie. Há mesmo especialistas que defendem que, a ausência dos dois gigantes do mercado, foi responsável pela criacção da bolha.
Podemos também falar dos, agora famosos, Credit-Default Swaps, que quase levaram à ruína a AIG, a extraordinária alavancagem (palavra horrível; não há outra) do Lehman Brothers, com dívidas que correspondiam a 35 vezes o seu capital, e dos critérios delirantes das agências de Rating. Há muita coisa por explicar, mas a culpa não foi do Roosevelt, coitado, nem das políticas sociais do governo americano. Não, a culpa foi da ganância de Wall Street e dos extraordinários, e fascinantes, instrumentos financeiros que foram desenhando, com o objectivo do lucro estratosférico.
O Mundo, em Portugal, continua a ser analisado através de lentes velhas, gastas e sobretudo desadequadas para o compreender. Não há nada a fazer.
Ora bem, a Fannie e o Fredie, depois do escândalo Savings-and-Loan (vão à procura na net), tornaram-se nos principais fornecedores de crédito hipotecário, mas, no inicio desta década, foram apanhados num daqueles episódios de contabilidade criativa, tendo-lhes sido impostas restrições. Wall Street, na ausência destes dois comilões, começou a comprar e a securitizar centenas de biliões (desculpem o anglicismo) de empréstimos de Supbrime (o eufemismo de Wall Street para Lixo) demasiado frágeis para os critérios entretanto impostos à Fannie e ao Fredie. Há mesmo especialistas que defendem que, a ausência dos dois gigantes do mercado, foi responsável pela criacção da bolha.
Podemos também falar dos, agora famosos, Credit-Default Swaps, que quase levaram à ruína a AIG, a extraordinária alavancagem (palavra horrível; não há outra) do Lehman Brothers, com dívidas que correspondiam a 35 vezes o seu capital, e dos critérios delirantes das agências de Rating. Há muita coisa por explicar, mas a culpa não foi do Roosevelt, coitado, nem das políticas sociais do governo americano. Não, a culpa foi da ganância de Wall Street e dos extraordinários, e fascinantes, instrumentos financeiros que foram desenhando, com o objectivo do lucro estratosférico.
O Mundo, em Portugal, continua a ser analisado através de lentes velhas, gastas e sobretudo desadequadas para o compreender. Não há nada a fazer.
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home