Thursday, April 09, 2009

A Crise acabou?

O mercado imobiliário estabilizou; os chefes de compras das empresas estão menos pessimistas sobre novas encomendas, desde Agosto; as vendas de carros aumentaram 8% em Março relativamente a Fevereiro; novos pedidos de subsídio de desemprego estagnaram; o produto interno bruto que encolheu 6.3%, em ternos anuais, no último trimestre, encolheu provavelmente à mesma taxa, no primeiro deste ano, mas a composição da queda foi mais encorajadora; foi alimentada, não pelo colapso no consumo, mas nos acertos de inventário, para lidar com vendas mais baixas. O crescimento no segundo trimestre "tem uma boa hipótese de ser positivo", de acordo com Ian Morris e Ryan Wang, economistas do HSBC, apesar de os riscos "ainda serem enormes". Estes dados são referentes aos Estados Unidos, e foram copiados de um artigo na Economist. Há uma centelha de esperança, mas, na verdade, estamos muito longe da recuperação económica. O governo americano, perante estes primeiros sinais positivos, não pode abrandar os diversos estímulos, sob pena dos Estados Unidos entrarem, como todos sabemos, num período de estagnação, como o Japão enfrentou nos anos 90, com a consequente deterioração da economia mundial, que um abrandamento americano sempre produz. As más notícias, que foram surgindo, depois da publicação deste artigo, acentuam que não há muitas razões para estar optimista.
Mas há um elemento negligenciado pelos analistas, se calhar justificadamente, que é o efeito de saturação das notícias. As pessoas passam por cima dos números do desemprego, as quedas sucessivas do mercado bolsista, que a maior parte ignora e as derrocadas do PIB. As que mantiveram os seus empregos começam a fazer a sua vida normal. Os dados da crise funcionam, estatisticamente, como o número de mortos no Iraque. Já ninguém liga. Ainda por cima, na Europa, não temos coisas como o 401(k), e as nossas preocupações quanto ao futuro não estão associadas aos delírios de investidores internacionais (apesar da nossa segurança social também investir no mercado). É assim muito provável que o business as usual vá regressando, devagar. A somar a este dado muito subjectivo, porque é impossível determinar tendências sem as estatísticas adequadas, temos ainda a descida das taxas de juro e uma inflação próxima do zero. E mais uma coisa. Apesar de todos desejarmos o regresso das coisas simples e uma diminuição do consumo desnecessário, é muito difícil alterar o paradigma dos últimos tempos. Já li muitos artigos em que se fala que o consumo vai diminuir, porque vamos regressar a uma época de parcimónia, em que só compramos aquilo que podemos ter, e outras coisas muito bonitas. Mas todos conhecemos a natureza humana. Na dúvida, escolhemos sempre a luzinha mais brilhante. Boa Páscoa, para todos.

1 Comments:

Blogger ana castro said...

olha, já te disse como é bom ler-te? é fácil e bonito e bom. como a vida deve ser.
obrigada

2:27 PM  

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