Saturday, May 12, 2018

Festival

Há coisas que me escapam. A cultura mudou de uma forma muito rápida, desde o início do sec., sendo que as redes sociais, fizeram com que tudo se tornasse mais rápido e irreversível. Wim Wenders, ainda há pouco tempo falou do fim da fotografia, e com razão (as subtilezas desta declaração não são percebidas pela malta que acha que o Instagram é um expoente de qualquer coisa, mas isso faz parte do novo tempo, que confunde quantidade com qualidade). Há mais coisas que estão a morrer, como o cinema. Houve uma degradação notória, uma vulgarização, da arte em geral. Mas daí a chegarmos ao ponto de aceitar o Festival da Canção como um tema do qual vale a pena falar de uma forma séria, vai uma distância que nunca esperei que fosse percorrida. O festival da canção é lixo. Sempre foi lixo, e não deixa de ser uma merda só porque uma cancioneta tuga, interpretada por um homem que quer ser levado a sério mas que aceitou participar no festival bimbo por excelência, ganhou o ano passado (o Salvador é um trágico-cómico). Há coisas que sobrevivem. É um milagre poder ainda ler o TLS ou o NYRB, mas até estas referências vão cedendo, de vez em quando, ao ar do tempo. O Ortega y Gasset considerar-se-ia vingado e chocado ao mesmo tempo, com o triunfo indiscutível das massas e do mau gosto.

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