Uma imagem vale mais que mil palavras?

No caso das fotografias da World Press Photo, não, não valem. Porque o que determina a qualidade daquelas fotografias é a circunstancia. Não é uma qualidade intrínseca, da natureza da própria fotografia, artística se quiserem, que as define. As fotografias dos soldados no Iraque, do Darfur, a guerra Israel-Líbano, fazem parte da exposição porque o fotografo estava lá. Numa exposição tão submetida à realidade, não poderiam faltar fotografias daqueles acontecimentos. Por isso o texto que as acompanha é quase tão importante como as próprias fotografias. E por isso também que nos esquecemos do nome dos fotógrafos, salvo os excepcionais como Nachtwey, assim que abandonamos a exposição.

EPC

Como todos os miúdos que cresceram a ler "O Independente", sentia aquele desdém injustificado por Eduardo Prado Coelho. Com a idade, e com a leitura das crónicas, fui mudando de opinião. Claro que ainda me irritavam as crónicas que ele utilizava para dirimir pequenos conflitos que se passavam na repartição x, do serviço y do Estado, normalmente a favor dos seus amigos. Mas do que passei a gostar foi aquilo que tanto lhe elogiam: o gosto pela vida e a curiosidade. Também gostava quando escrevia sobre assuntos "menores", porque não gosto de intelectuais desligados das pequenas tropelias do quotidiano. E, sobretudo, como escreveu sobre ele próprio: "Sente a mais soberana indiferença por quase tudo o que pensam ou escrevem a seu respeito". Vai-me fazer falta.

Eduardo Prado Coelho 1944-2007.

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Jazz

Por razões que não são para aqui chamadas, só hoje li o Ípsilon da semana passada. Muito interessante, mas datada, aquela discussão sobre o que é Jazz que opôs, nas páginas do jornal, os conservadores, amantes do swing, e a malta que defende que o jazz progride, que é sobretudo improviso e essas coisas. Muito bem. Também concordo que o Jazz não é estanque, e gosto que seja influenciado por todas as músicas. A questão é que, no Jazz em Agosto, já ouvi coisas que não eram, definitivamente, Jazz. Aliás, nem música eram, como bem assinalou na altura o António Curvelo no Público. Só não me lembro do nome da banda, nem do ano -2001?-. Mas foi coisa medonha, posso garantir.

Verão

Pela primeira vez, em 15 anos, estou há três semanas sem por os pés em Lisboa. E, em idêntico período, foi a segunda vez que não fui ao Jazz em Agosto, na Gulbenkian. Por isso é que estou a ouvir agora Free Jazz a collective improvisation by the Ornette Coleman Double Quartet. Para me penitenciar.

Mistaken For Strangers

The National, álbum BOXER. Um dos grandes discos de 2007.

Martin Parr

Miguel Rio Branco

No Cars Go

Do álbum Neon Bible. Arcade Fire. A música do ano?

Presidente

Cavaco Silva não promulgou o estatuto dos jornalistas, levantando dúvidas legitimas, sobre as propostas mais polémicas do diploma. Pode ser que, a prosápia delirante de Augusto Santos Silva seja arrumada, discretamente, numa gaveta do seu ministério.

MNAA

Vi ontem a entrevista de Dalila Rodrigues, na SIC Notícias. Foi lamentável a forma como justificou o seu despedimento, com uma tentativa de colagem aos outros casos em que o Governo revelou a sua faceta autoritária. Não está aqui em causa o mérito com que dirigiu o museu. Mas a insistência na frase "se eu tivesse ficado calada", foi despropositada.

Gregory Crewdson X 3