Toca a assobiar

Young Folks - Peter, Bjorn & John

Welfare

Há muitos anos que muita gente, Vasco Pulido Valente semana sim semana não, anuncia o fim do Estado Providência. O Estado Providência, com o plano Marshall, foi um dos pilares da consolidação da democracia na Europa Ocidental. Sarkozy, apelidado incorrectamente por muitos como Liberal, não vai destruir a estrutura do Estado protector francês. Vai, utilizando uma palavra muito na moda, flexibilizá-lo. No norte da Europa, e na Grã-Bretanha, onde Tony Blair estabeleceu o equilíbrio entre uma economia de mercado dinâmica e um estado presente, mas não incomodativo, foi encontrada, aparentemente, uma solução. É preciso lembrar que em nenhum país europeu existe um liberalismo tout court. Mesmo os Estados Unidos recorreram, no século passado, a muita engenharia social para criarem a classe média americana. O Estado Providência vai-se adaptar, emagrecer, mas não vai desaparecer. Constitui parte essencial da definição do que é a Europa pós-2ª Guerra.

Efeito dominó

O Libano está à beira da Guerra Civil.

Livros

Anda por ai um homem, que não gosta de História, Filosofia e Literatura a comprar editoras. A principal marca que deixou, um canal de televisão privado, tem sempre um traço piroso, de nacional foleirismo, que se pega a todos os programas que emite. Ao contrário de Nicolau Santos, o economista poeta, como já lhe chamou José Manuel Fernandes, não defendo a intervenção de ninguém para impedir que os negócios se concretizem. Mas tenho pena que os livros fiquem tão mal entregues.

Portugal

Portugal é o país onde se trabalha mais horas e se produz menos. É também o país onde as pessoas se deitam mais tarde. Este Domingo ficámos a saber, através do Público, que não queremos passar mais tempo com a família, ao contrário dos outros Europeus. A relação entre estes dados é evidente. E é também evidente que este rectângulo à beira mar plantado, é um caso perdido. O inferno está nos detalhes.

Paixões

Não partilho do entusiasmo que anda por ai à volta dos Arcade Fire, apesar de ter os 2 discos. Quando os ouço, não tenho aquela reacção epidérmica, nem solto as exclamações habituais como quando estou perante um disco que me surpreende ou de que gosto mesmo muito. Também não me levanto e começo a dançar pela sala. O último disco, depois de algumas audições, parece-me banal, mas nem Funeral me despertou grandes entusiasmos. Não é à toa que ainda não coloquei aqui nenhum vídeo dos rapazes. No entanto, estou sempre à espera dessa revelação, que os Arcade Fire representaram para muitos. A idade também não ajuda; a surpresa já não surge ao virar da esquina a todo o instante, é cada vez mais rara. Este ano, milagre, andam por ai umas miúdas de Brooklin que fazem uma música simples, sem adereços desnecessários. Não vão revolucionar a música, mas a simplicidade, muitas vezes, é o caminho para atingir a perfeição. Já adivinharam; são as Au Revoir Simone. Não deixem de as ouvir.

Night Majestic. Au Revoir Simone, num café em Brooklin.

Mulheres

Isabel Freire, uma jornalista entrevistada hoje pelo Expresso, ficou surpreendida, no decorrer de um trabalho que realizou sobre sexualidade feminina, com " a possibilidade que muitas colocavam de virem a relacionar-se afectiva ou sexualmente com outra mulher (...)". O mínimo que se pode dizer, é que é uma jornalista pouco atenta.

Festival da Canção

Todos, mesmo todos, víamos o festival da canção. Era um grande acontecimento. Royaume Uni, douze points. O mundo era diferente. Mais fácil. Havia bons e maus, americanos e soviéticos, dependendo das perspectivas. 2 Canais de televisão. Não havia o stress de não saber a ultima novidade; não havia novidades. O consumismo, em Portugal, ainda era uma miragem distante. Quase ninguém tinha um cartão de crédito. Um carro durava 15 anos. E, sobretudo, o tempo passava mais devagar.
Agora é melhor.

Atraso

Continuamos a divergir da União Europeia. Os anos 00 já são uma década perdida.

António Barreto

O que impressiona mais no excelente programa de António Barreto é que os problemas que afectam este país, poderiam ser resolvidos com coragem para enfrentar lobbys poderosos e organização. O dinheiro atribuído, e os recursos humanos, parecem ser suficientes. A inefeciência da máquina administrativa, a incompentência da justiça, a corrupção e os poderes corporativos de algumas classes -ex: os médicos- parecem ser as ancoras que nos prendem a um atraso endémico.

Capa

A acreditar nas teorias conspirativas do surgimento da notícia sobre a licenciatura de Sócrates, a capa de hoje do Público, com o mesmo Sócrates como dador de medula óssea, poderá ser o indicio de que está em preparação uma nova operação financeira, que envolva a Sonae e a PT.

Fascismo

"(...)Se o anti-americanismo se transformar no programa da esquerda, isso será muito grave porque, na sua substância, é uma ideia fascista. É o reflexo dos fascistas franceses dos anos 20 e 30 face a uma nação democrática.(...) As pessoas na Europa crêem que a origem do terrorismo islâmico é a pobreza ou o Corão. Não é uma coisa nem outra. A sua tradição ideológica chama-se fascismo. É uma questão política, não é uma questão religiosa.(...)"
Bernard-Henri Lévy, entrevistado por Teresa de Sousa, na edição de ontem do Ípsilon.

Quem sai aos seus

Elettra Rossellini, filha de Isabella Rosellini e neta de Ingrid Bergman.